segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Como construir o estudante do século 21


As crianças sentadas hoje nos bancos escolares do Brasil estão sendo preparadas para o futuro que as espera? Visitamos instituições de ensino públicas e privadas de São Paulo que propõem estratégias inovadoras para formar os líderes de amanhã 

Sibelle Pedral/ foto Carlos Cubi

Os desafios nunca foram tão imensos, e o papel da escola na superação deles é crucial. Como educar cidadãos para um século que, segundo o historiador inglês Eric Hobsbawm, talvez não seja tão mortífero quanto o anterior, que assistiu a duas grandes guerras, mas que já se anuncia turbulento? Como preparar crianças e jovens para enfrentar – e quem sabe melhorar – uma sociedade desigual e polarizada, com ricos cada vez mais ricos e competitividade crescente?

O que fazer para que a geração que hoje freqüenta os bancos das escolas aprenda a proteger o planeta? Qual a melhor maneira de mostrar a esses jovens, habituados a relações virtuais, quão valioso é o contato físico, o olho no olho?

“Não basta apenas entregar um conjunto de informações: é preciso preparar para pensar”, acredita o educador Moacir Gadotti, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo, e consultor da Unesco, o braço das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura. O assunto é tão sério e urgente que, ainda nos anos 90, a Unesco encomendou ao político francês Jacques Delors um relatório sobre a educação para o novo século. No texto, concluído em 1996, Delors indica quatro pilares que devem moldar o aprendizado no nosso tempo: aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. “A grande mudança pode ser sintetizada no conceito de educação para toda a vida”, afirma Gadotti. Isto é, a aquisição de conhecimentos não se limita à escola: ela nunca pára de acontecer. “É uma visão holística da educação.”

No Brasil, com um sistema de ensino cambaleante, escolas depauperadas e professores despreparados, os pilares de Delors soam como utopia. Não são. Na linha de frente do ensino, pensando no futuro, várias escolas públicas e privadas vêm experimentando estratégias para melhor preparar crianças e jovens para o complexo século 21. Para pais e mães, as iniciativas delas podem ajudar na escolha do melhor ensino para o filho.

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Aprender com alegria

Há alguns anos, alunos do ensino fundamental da Escola Vera Cruz, em São Paulo, estudaram o ciclo de vida das borboletas de uma forma diferente: trouxeram lagartas para a sala de aula, observaram a confecção do casulo e esperaram. A cada dia, tomavam notas, trocavam impressões com os colegas, interrogavam os professores. Quando os casulos se romperam, houve festa e as borboletas foram soltas numa praça nas redondezas. Ocorre que a história toda levou cerca de dois meses – e um pai de aluno foi à escola tomar satisfações. “Ele não entendia por que precisávamos de dois meses para ensinar o que podia ser explicado em 15 minutos”, lembra Nádia Chaguri Dimitrov, assistente de direção pedagógica. Dissemos a ele que o filho não tinha apenas aprendido sobre borboletas e lagartas: tinha aprendido a fazer pesquisa, observando, escrevendo, buscando e partilhando o conhecimento.” Experiências assim ensinam a gostar de aprender – um prazer essencial quando se fala em educação para a vida inteira.

Para Ana Elisa Siqueira, diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima, na zona oeste de São Paulo, “aprender não é uma coisa arrumadinha”, e sim um processo pessoal complexo que nem sempre se adapta à estrutura tradicional da escola. Para contemplar a forma de aprender de cada um, Ana fez uma revolução na Amorim Lima: estimulada pelos pais dos alunos – uma comunidade heterogênea, formada sobretudo por filhos de funcionários e de alunos da Universidade de São Paulo –, montou uma grade curricular com roteiros de pesquisa. Cada aluno decide o que quer estudar e organiza seu tempo sob a supervisão de um tutor, num modelo inspirado na Escola da Ponte – escola pública portuguesa em Vila das Aves, onde as crianças não são agrupadas por idade, e sim por interesses. “É um exercício de lidar com o tempo e com a responsabilidade”, explica Ana. O modelo da Amorim Lima, implantado em 2004, obteve autorização da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e segue firme como um novo projeto de escola.

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Quem sabe escolher tem a força

Numa quarta-feira de fevereiro, uma polêmica mobilizou alunos, professores e funcionários da Escola Lumiar, no centro de São Paulo: os alunos podem ou não chupar balas durante as aulas? A questão foi levada à Roda – uma assembléia semanal que trata de assuntos relevantes para a comunidade escolar. Todos puderam opinar e o assunto foi votado (41 contra a bala; cinco a favor). “Formas diferentes de organizar a vida na escola podem nos levar a formas diferentes – e melhores – de organizar a vida em sociedade no futuro”, acredita o educador Eduardo Chaves, presidente do Instituto Lumiar, mantenedor da instituição, idealizada pelo empresário Ricardo Semler. Experiências democráticas no ambiente escolar ainda são raras, mas começam a ganhar espaço. “Quando escolhe o que é melhor para a escola, o aluno enfrenta um problema real do cotidiano e busca soluções”, afirma Simone André, coordenadora da área de juventude do Instituto Ayrton Senna. “Saber escolher é uma macrocompetência fundamental para o jovem do século 21. Ele já se experimenta como cidadão e como futuro profissional dentro da escola.”
A riqueza da diversidade

“Conviver com a diversidade é uma expressão da inteligência humana”, afirma o filósofo e educador Alípio Casali, professor da PUC-SP. Mais do que uma exigência do mercado, que valoriza as diferenças e a contribuição que cada um pode trazer para a organização do trabalho com base na própria história, respeitar o outro é uma questão de sobrevivência da espécie no planeta. “É preciso aceitar a diversidade não apenas com respeito mas também valorizando-a como riqueza”, orienta o educador Moacir Gadotti. Muitas escolas já buscam essa integração. Alunos do ensino médio do Colégio Santa Cruz, em São Paulo, passam no mínimo dez dias por ano na Amazônia. “Eles recebem muito mais do que levam e guardam essas impressões para a vida toda”, avalia o diretor, Luiz Eduardo Cerqueira Magalhães. Aprendem sobre a necessidade de preservar a floresta e a cultura local e sobre as dificuldades de governar um país imenso como o Brasil. Dão um salto de maturidade.”

Na Escola Lumiar, dos cerca de 85 alunos, 40% têm algum tipo de bolsa. A maioria paga mensalidade cheia, de pouco mais de mil reais, mas há crianças que vivem em casarões invadidos na região e não pagam nada. Andando pela escola, não dá para perceber quem é bolsista. “Criou-se um convívio muito natural”, explica a diretora, Maria Claudia Leme Lopes da Silva. Alguns pais nos procuram por isso. Percebem que é uma forma de educar para a não-violência.”

A psicóloga e consultora Rosely Sayão lembra que “dentro das escolas há uma diversidade incrível”. “Alunos, professores, auxiliares e faxineiros são de classes diferentes, mas a escola acostuma a criança a ficar cega diante disso”, critica. O Colégio Sidarta, em Cotia (SP), encontrou uma maneira simples de derrubar esse apartheid. Ao lado dos bebedouros, costuma haver um pano de chão. Quem derrubar água cuida da limpeza em vez de chamar a faxineira. “Algumas mães protestam dizendo que o filho nunca pegou um rodo”, conta a diretora, Claudia Siqueira. “Respondo: ‘Então esta talvez não seja a escola para o seu filho’.”

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Viva a comunidade!

A escola do século 21 expande seus horizontes para além dos muros. Colégios como o Santa Cruz implantaram um curso supletivo gratuito para adultos no período noturno. Os alunos é que ensinam a esse público especial como se usa o computador, a internet, o PowerPoint. No Colégio Miguel de Cervantes, escola bilíngüe (português-espanhol) na zona sul de São Paulo, os alunos se uniram a uma ONG, o Barracão dos Sonhos, num mutirão para a construção da sede da ONG em Paraisópolis, favela perto da escola. “Eles carregaram pedra. O conhecimento que se adquire com a prática é mais significativo”, observa Antonio Abello Rovai, diretor adjunto para assuntos extracurriculares do colégio.

A aproximação com os moradores do bairro – e os benefícios que nascem dessa parceria – pode significar a diferença entre a vitalidade e a morte de uma escola. Quando a diretora Teresa Cintra e sua vice, Edilamar Caoneto Zago, chegaram à Escola Estadual Professor Isaac Schraiber, no Parque São Rafael, zona leste de São Paulo, em 2002, encontraram um quadro desolador: quatro anos antes, o caseiro fora assassinado numa pendenga envolvendo drogas, e a escola era malvista pelos moradores da região. Ao mesmo tempo, o prédio pichado e tristonho era a única opção de lazer de um bairro de classe média baixa, sem cinemas ou shoppings. Comecei a andar de ônibus e a ouvir o que se falava da escola”, lembra Teresa. “

Então, abri espaço para que os moradores viessem discutir as questões deles.” Uma das primeiras demandas foi a recuperação do poluído córrego Cipoaba, que passa atrás do prédio. “Cheguei a ver peixinhos lá quando era menina”, conta Edilamar. Os alunos se juntaram à comunidade num movimento para recuperar o riacho. Rei vindicaram um tronco coletor de esgoto à Sabesp, conseguiram apoio da subprefeitura e, capitaneados por Edilamar, fizeram um vídeo para internet contando a própria história de cidadania. O trabalho foi inscrito num concurso promovido pela Microsoft em 2006 e levou o prêmio Gestão Escolar e Tecnologia. A recompensa deu visibilidade à escola e rendeu outras parcerias – a mais recente com o Instituto Criar, ONG concebida pelo apresentador Luciano Huck que forma técnicos em áudio, cinema, TV e novas mídias. Antes, as crianças tinham vergonha de dizer que estudavam aqui”, conta Teresa. “Hoje, não temos vagas para todos que nos procuram.”

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A revolução da informática

Um novo mundo de conhecimentos se abre quando a informática é colocada a serviço da educação. Muitas escolas têm laboratórios com computadores dotados de filtros, programas que impedem o acesso a alguns endereços eletrônicos.

“As novas mídias encurtam o tempo de aprendizado”, acredita Moises Zylbersztajn, coordenador de informática do Colégio Santa Cruz. Ali, alunos do ensino médio aprendem a montar um site com todos os recursos disponíveis. Por meio do site da escola, os professo respodem fazer atendimentos virtuais para tirar dúvidas dos alunos. “Oferecemos essa possibilidade e os alunos reagiram bem”, conta Moises. No ensino fundamental do Miguel de Cervantes, o tradicional quadro-negro cedeu lugar às lousas digitais, nas quais o professor projeta a tela do computador que usa na sala de aula. A criança que faltou à aula pode acessar todo o conteúdo perdido no site do colégio.

Tudo muito estimulante, mas a grande questão é como fazer o melhor uso possível das possibilidades que a informática oferece. “Os alunos lidam facilmente com as novas tecnologias, mas de maneira superficial. Usam bem o que lhes interessa, como o MSN”, observa Antonio Rovai, do Colégio Miguel de Cervantes. “Cabe à escola prepará-los para que esse contato seja rico para eles. Informação demais pode se transformar em ruído.”

No final dos anos 80, surgiu na Universidade de São Paulo o Laboratório do Futuro, com o objetivo de estudar como as novas tecnologias podem melhorar o aprendizado. “O Google é uma ferramenta fantástica, mas é preciso ter um pé atrás. Os sites que aparecem nem sempre são os mais indicados, e sim os mais acessados”, alerta Fredric Litto, fundador do laboratório e professor titular da Escola de Comunicações e Artes da USP. Como se ensina a separar o joio do trigo? “Trabalhando o senso crítico da criança e ensinando onde pode averiguar se o que leu na Internet é verdadeiro ou não”, ensina Litto. “Assim não se fica soterrado sob uma avalanche de informação. Quem não souber selecionar corre o risco de ficar inoperante.”
Educação para a sustentabilidade

Despertar na criança a noção de que o planeta está em perigo e prepará-la para defender a Terra é missão da escola no século 21. Faria muita diferença se 1,2 bilhão de crianças que estão nos bancos escolares hoje, no mundo inteiro, vivessem de forma sustentável. Mudaria a história da humanidade”, afirma o educador Moacir Gadotti, do Instituto Paulo Freire. Para isso, não basta plantar árvores: é preciso uma espécie de “fuga do modelo consumista do nosso tempo”, explica. Em todo o mundo, pipocam exemplos de escolas que trabalham com a ecopedagogia, a pedagogia centrada na idéia de sustentabilidade. “Estive numa escola na Escócia em que as crianças realizavam uma ecoauditoria no ambiente escolar e identificavam tudo o que não era sustentável: os alimentos da cantina têm gordura trans? O pátio não tem plantas? Era uma atividade escolar delas.”

O segredo para criar cidadãos conscientes é fazer com que essa preocupação não fique apenas na teoria e ocupe espaço na vida escolar das crianças. Foi o que ocorreu na Escola Isaac Schraiber com a defesa do córrego poluído na região. A luta mobilizou crianças e adultos do bairro e despertou uma verdadeira consciência ecológica.

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Que língua estrangeira é importante saber?


A dupla básica – inglês e espanhol – se mantém em alta, mas há novidades. No Colégio Sidarta, cartazes distribuídos pela escola nomeiam móveis e objetos em mandarim, o idioma oficial da China. Idealizada por um empresário chinês, Chang Sheng Kai, a escola alfabetiza seus alunos numa língua que exige o conhecimento de cerca de 5 mil ideogramas para se comunicar. O ensino começa aos 3 anos. Em julho, intercâmbios com a China permitem checar os progressos. “Damos a nossos alunos a ferramenta para mergulhar numa cultura milenar”, conta a diretora, Claudia Siqueira.
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Conviver é preciso e faz bem

Para o filósofo e educador Alípio Casali, a geração que se prepara para o século 21 enfrenta uma grave crise de socialização. Famílias dispersas, pais ausentes e o distanciamento de instituições tradicionais, como a Igreja, deixam as crianças meio perdidas, sem referências. Os vínculos vêm enfraquecendo aceleradamente, o que está produzindo indivíduos com dificuldades para os relacionamentos sociais”, alerta. A escola do futuro não pode deixar de lado seu papel de socializar adequadamente, ensinando a cada criança o jogo tenso entre ordem e liberdade. “Nos anos 80, o fortalecimento do construtivismo fez com que os alunos buscassem o conhecimento individualmente, formulando hipóteses e buscando respostas. Mas o convívio é uma experiência estruturante. O conhecimento também se dá por transmissão.”

Preocupadas com esse esgarçamento de vínculos, muitas escolas incentivam o trabalho em grupo. “A criança é obrigada a trabalhar mesmo com quem não tem afinidades dentro das regras da boa convivência. Assim, aprende como o outro pensa”, afirma Maria José Godoy Pereira, coordenadora de informática do ensino fundamental da Escola Vera Cruz. Na Amorim Lima, paredes foram derrubadas para criar um salão” de aula onde as crianças trabalham em grupos sob a supervisão de até quatro professores de uma só vez. “Todos se responsabilizam por todos, o que estimula o respeito e permite fazer mais amigos”, afirma a diretora, Ana Elisa Siqueira.

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O poder do acolhimento

Os professores da Escola Isaac Schraiber conhecem praticamente todos os alunos pelo nome – e olhe que são cerca de 1,5 mil, de 12 a 60 anos (a escola oferece educação para adultos à noite). “Sabemos que a mãe de fulano está doente, que o beltrano quer fazer um curso técnico em tal lugar”, conta Edilamar Caoneto. Na Escola Amorim Lima, cada professor – e a diretora também – é responsável por um grupo de até 18 alunos. Os tutores, como são chamados, acompanham os progressos, alertam para as deficiências e ajudam a organizar melhor o tempo de estudo. Gisele Rodrigues Bueno, aluna do 8º ano, tem a mesma tutora desde o 5º ano, quando a escola implantou o atual método de ensino. “Ela sabe tudo sobre mim”, conta. Para o diretor do Colégio Santa Cruz, Luiz Eduardo Magalhães, “cresceu o papel do educador fora da sala de aula”.

A boa escola também ensina a pedir ajuda e acolhe o erro. “O lugar para cometer erros é a escola, onde as conseqüências não são drásticas”, afirma o professor Fredric Litto, da USP. “Lá ele pode tentar, errar, tentar de novo, acertar. A solução oferecida como prato feito não ensina o aluno a pensar.”
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O novo papel do professor

A imagem do professor como figura inquestionável no processo de aprendizado, detentor e transmissor de todo o conhecimento, faz parte do passado. A velocidade com que o conhecimento é produzido o disseminado na sociedade da informação determinou uma mudança no modo de trabalhar. “Muitas salas de aula hoje têm internet, o que faz delas um ambiente que foge do controle completo do professor”, explica Fredric Litto, criador da Escola do Futuro da USP. “Ele não é mais o dono da verdade.” Qual seria, então, a postura mais adequada? “O professor deve ser um organizador do aprendizado”, acredita o educador Moacir Gadotti, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo. “É preciso que ensine sem sectarismo, e que pesquise muito – professor que não pesquisa não aprende, e o aluno, que o imita, também não aprende.” Para Claudia Siqueira, diretora do Colégio Sidarta, em Cotia, o professor deve ser capaz de reconhecer as múltiplas inteligências e lidar com elas. “Não podemos perder nenhum aluno”, diz ela. “O professor ideal percebe que cada criança aprende de uma forma e tem os instrumentos para ensiná-la.” No Colégio Miguel de Cervantes, em São Paulo, o professor é considerado um mediador do conhecimento disponível. “Cabe a ele permitir na prática, usando os recursos disponíveis, que o aluno seja produtor de conhecimento numa escala adequada”, avalia Antonio Abello Rovai, diretor adjunto para assuntos extracurriculares. E, por fim, que seja “alegre, interessado, bem-amado e de bem com a vida, como dizia Paulo Freire”, completa Moacir Gadotti.

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As lições do melhor ensino do mundo

Chama-se Pisa o mais respeitado e abrangente sistema de avaliação da educação, criado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Realizado pela última vez em 2006, esse teste deu à Finlândia o título de melhor ensino do mundo, enquanto o Brasil se debate nas últimas posições. Dois pilares sólidos garantiram o bom resultado finlandês: o currículo amplo, de dar inveja, que inclui aulas de arte, música e no mínimo duas línguas estrangeiras, e o investimento na capacitação de professores, de quem se exige no mínimo o mestrado.
Valorizada socialmente, a profissão é a carreira mais desejada pelos estudantes do ensino médio, segundo reportagem publicada na revista Veja (20/fevereiro/2008). Na Finlândia, o currículo é decidido em conjunto por professores, pais, administradores e representantes dos alunos, seguindo coordenadas gerais negociadas com o Ministério da Educação. Matemática, por exemplo, é vivenciada quase sempre em laboratórios, conectando conhecimentos a situações práticas do dia-a-dia. Os alunos também passam mais tempo na escola – 995 horas por ano contra 800 no Brasil. Levam para casa muito dever de casa e são cobrados. Exige-se disciplina – conversar durante a aula não é tolerado. As salas de aula são básicas, com quadro negro e, quando muito, dois computadores. Há pouco mais de 30 anos, a Finlândia tinha dificuldades educacionais parecidas com as brasileiras. Em três décadas, protagonizou uma revolução. O que prova que melhorar o ensino é desafiador – mas não impossível.
Produção Sylvia Radovan/Realização Noris Martinelli

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Acesso em 17/1/2011





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