domingo, 13 de fevereiro de 2011

19. DESPEDIDAS

Charlie esperava por mim. Todas as luzes da casa estavam acesas. Minha mente estava vazia enquanto eu tentava pensar numa maneira de convencê-lo a me deixar ir. Não ia ser agradável.

Edward encostou devagar, colocando-se bem atrás de minha picape. Os três estavam extremamente atentos, duros feito toras em seus lugares, ouvindo cada som da floresta, vasculhando cada sombra, sentindo cada cheiro, procurando por alguma coisa fora de lugar. O motor foi desligado e eu fiquei sentada, imóvel, enquanto eles escutavam.

– Ele não está aqui – disse Edward, tenso. – Vamos.

Emmet estendeu a mão para me ajudar a sair do arnês.

– Não se preocupe, Bella – disse ele numa voz baixa mas animada –, vamos resolver as coisas por aqui rapidamente.

Senti meus olhos se encherem de lágrimas ao olhar para Emmett. Eu mal o conhecia e no entanto, de certa forma, era angustiante não saber quando o veria depois desta noite. Eu sabia que esta era só uma provinha das despedidas a que teria de sobreviver na próxima hora, e a idéia fez com que as lágrimas começassem a transbordar.

– Alice, Emmet. – A voz de Edward era um comando. Eles deslizaram sem ruído para a escuridão, desaparecendo de imediato. Edward abriu minha porta e pegou minha mão, depois me puxou para o cerco protetor de seu braço. Ele me conduziu rapidamente para a casa, os olhos sempre vagando pela noite.

– Quinze minutos – alertou ele aos sussurros.

– Eu consigo. – Funguei. Minhas lágrimas me davam inspiração.

Cheguei à varanda e segurei seu rosto entre minhas mãos. Olhei intensamente em seus olhos.

– Eu te amo – eu disse numa voz baixa e intensa. – Sempre o amarei, não importa o que acontecer.

– Nada acontecerá a você, Bella – disse ele com a mesma intensidade.

– Siga o plano, está bem? Mantenha Charlie seguro para mim. Ele não vai simpatizar muito comigo depois disso, e quero ter a chance de me desculpar depois.

– Entre, Bella. Precisamos nos apressar. – Sua voz era urgente.

– Mais uma coisa – sussurrei apaixonadamente. – Não ouça uma palavra do que eu disse esta noite!

Ele estava curvado e só o que tive de fazer foi me esticar na ponta dos pés para beijar seus lábios franzidos e surpresos com a maior força que pude. Depois me virei e abri a porta.

– Vá embora, Edward! – gritei para ele, correndo para dentro e batendo a porta em sua cara ainda chocada.

– Bella? – Charlie estava na sala e já se colocara de pé.

– Me deixe em paz! – gritei para ele através de minhas lágrimas, que agora fluíam sem parar. Corri para meu quarto, fechando a porta e trancando-a. Corri até minha cama, atirando-me no chão para pegar minha bolsa de viagem. Estendi a mão rapidamente entre o colchão e o estrado para pegar a meia velha de tricô que continha minhas economias secretas.

Charlie batia na minha porta.

– Bella, você está bem? O que aconteceu? – Sua voz estava assustada.

– Eu vou para casa – gritei, minha voz falhando no momento perfeito.

– Ele magoou você? – Seu tom de voz beirava a raiva.

– Não! – guinchei algumas oitavas acima. Virei-me para minha cômoda e Edward já estava ali, arrancando em silêncio braçadas de roupas ao acaso, que ele depois atirou para mim.

– Ele terminou com você? – Charlie estava perplexo.

– Não! – gritei, agora com menos fôlego enquanto atirava tudo na bolsa. Edward lançou o conteúdo de outra gaveta para mim. A bolsa agora estava muito cheia.

– O que aconteceu, Bella? – gritou Charlie pela porta, batendo novamente.

Eu é que terminei com ele! – eu gritei, lutando com o zíper da bolsa. As mãos hábeis de Edward afastaram a minha e puxaram o zíper com suavidade. Ele colocou a alça com cuidado em meu ombro.

– Estarei na picape… vá! – sussurrou ele, e me empurrou para a porta. Edward desapareceu pela janela.

Abri a porta e passei por Charlie rudemente, lutando com a bolsa pesada enquanto descia a escada às pressas.

– O que houve? – gritou. Ele estava bem atrás de mim. – Pensei que você gostasse dele.

Ele agarrou meu cotovelo na cozinha. Apesar de ainda estar confuso, seu aperto era firme.

Ele me girou para que o olhasse e pude ver em seu rosto que ele não pretendia me deixar partir. Só pude pensar em uma maneira de escapar, e implicava magoá-lo tanto que odiei a mim mesma por sequer pensar no assunto. Mas eu não tinha tempo e precisava mantê-lo em segurança.

Encarei meu pai, as lágrimas frescas nos olhos pelo que eu estava prestes a fazer.

– Eu gosto dele… É esse o problema. Não posso mais fazer isso! Não posso criar mais raízes aqui! Não quero terminar presa nessa cidade idiota e chata como a mamãe! Não vou cometer o mesmo erro estúpido que ela cometeu. Eu odeio esse lugar… Não posso ficar aqui nem mais um minuto!

Sua mão largou meu braço como se eu o tivesse eletrocutado. Desviei-me de seu rosto chocado e ferido e parti para a porta.

– Bella, não pode ir embora agora. É tarde – sussurrou ele atrás de mim.

Eu não me virei.

– Vou dormir na picape se ficar cansada.

– Espere só mais uma semana – pediu ele, ainda chocado. – A Renée estará de volta então.

Isso me tirou completamente dos trilhos.

– O quê?

Charlie continuou ansiosamente, quase balbuciando de alívio quando eu hesitei.

– Ela ligou quando você estava fora. As coisas não vão bem na Flórida, e se Phil não assinar um contrato no final da semana, eles vão voltar para o Arizona. O assistente técnico dos Sidewinders disse que eles podem ter um lugar para outro jogador de segunda base.

Sacudi a cabeça, tentando reorganizar os pensamentos agora confusos. Cada segundo que passava colocava Charlie num perigo maior.

– Tenho uma chave – murmurei, girando a maçaneta. Ele estava perto demais, a mão estendida para mim, o rosto confuso. Não podia perder mais tempo discutindo com ele. Eu teria que magoá-lo ainda mais. – Me deixe ir, Charlie. – Repeti as últimas palavras de minha mãe quando ela saiu pela mesma porta tantos anos atrás. Eu as disse com a maior raiva que pude reunir e escancarei a porta. – Não deu certo, está bem? Eu realmente odeio Forks!

Minhas palavras cruéis fizeram seu trabalho – Charlie ficou paralisado na soleira da porta, atordoado, enquanto eu corria para a noite. Fiquei apavorada com o jardim vazio. Corri como louca para a picape, visualizando uma sombra escura atrás de mim. Atirei minha sacola na carroceria e abri a porta. A chave esperava na ignição.

– Ligo para você amanhã! – gritei, querendo mais do que qualquer coisa poder explicar tudo a ele então, e sabendo que jamais seria capaz disso. Liguei o motor e arranquei.

Edward pegou minha mão.

– Encoste – disse ele enquanto a casa e Charlie desapareciam atrás de nós.

– Posso dirigir – eu disse através das lágrimas que caíam por meu rosto.

Suas mãos longas inesperadamente pegaram minha cintura e seus pés empurraram os meus no acelerador. Ele me puxou para o colo, soltando minhas mãos do volante, e de repente estava no banco do motorista. A picape não oscilou nem um centímetro.

– Não conseguiria encontrar a casa – explicou ele.

De repente luzes brilharam atrás de nós. Olhei pelo vidro traseiro, os olhos arregalados de pavor.

– É só a Alice – garantiu-me ele. Ele pegou minha mão de novo.

Mina mente estava cheia da imagem de Charlie na soleira da porta.

– O rastreador?

– Ele ouviu o final de seu teatro – disse Edward sombriamente.

– Charlie? – perguntei, mortificada.

– O rastreador nos seguiu. Está correndo atrás de nós agora.

Meu corpo ficou gelado.

– Podemos escapar dele?

– Não. – Mas ele acelerou enquanto falava. O motor da picape gemeu, protestando.

Meu plano de repente não parecia mais tão brilhante.

Eu olhava os faróis do carro de Alice quando a picape tremeu e uma sombra escura disparou do lado de fora da janela.

Meu grito horripilante durou uma fração de segundo antes que a mão de Edward cobrisse minha boca.

– É Emmett!

Ele liberou minha boca e passou o braço por minha cintura.

– Está tudo bem, Bella – prometeu ele. – Você vai ficar segura.

Corremos pela cidade silenciosa, na direção da rodovia norte.

– Não percebi que você ainda estava tão entediada com a vida na cidade pequena – disse ele querendo conversar, e eu sabia que ele tentava me distrair. – Parecia que você estava se adaptando muito bem… Em especial recentemente. Talvez eu só estivesse me iludindo que estava tornando a vida mais interessante para você.

– Eu não fui gentil – confessei, ignorando sua tentativa de me distrair, olhando meus joelhos. – Foi a mesma coisa que minha mãe disse quando o deixou. Deu para ver que foi golpe baixo.

– Não se preocupe. Ele vai perdoá-la. – Ele sorriu um pouco, embora seus olhos não sorrissem.

Eu o olhei desesperada e ele viu o pânico em meus olhos.

– Bella, vai ficar tudo bem.

– Mas não vai ficar tudo bem quando eu não estiver com você – sussurrei.

– Vamos nos reunir daqui a alguns dias – disse ele, apertando o braço em volta de mim. – Não se esqueça de que isso foi idéia sua.

– Foi a melhor idéia… É claro que foi minha.

Seu sorriso de resposta era vazio e desapareceu de imediato.

– Por que isso aconteceu? – perguntei. – Por que eu?

Ele olhava a estrada à frente, inexpressivo.

– A culpa é minha… Fui um tolo por expô-la desse jeito. – A raiva em sua voz era voltada para dentro.

– Não foi o que eu quis dizer – insisti. – Eu estava lá, grande coisa. Isso não incomodou os outros dois. Por que esse James decidiu matar a mim? Tem tanta gente em toda parte, por que eu?

Ele hesitou, pensando antes de responder.

– Tenho que dar uma olhada na mente dele agora – começou Edward numa voz baixa. – Não tenho certeza se havia alguma coisa que eu pudesse ter feito para evitar isso, depois que ele a viu. A culpa praticamente é sua. – Sua voz era irônica. – Se não tivesse um cheiro tão delicioso e atraente, ele podia não ter se dado ao trabalho. Mas quando eu defendi você… Bem, isso só piorou as coisas. Ele não está acostumado a ser contrariado, por mais insignificante que seja o objeto. Ele se considera um caçador e mais nada. Sua existência é consumida com a caça e tudo o que ele quer da vida é um desafio. De repente estávamos lhe mostrando um lindo desafio… Um grande clã de lutadores fortes protegendo o elemento vulnerável. Você não acreditaria em como ele está eufórico agora. É seu jogo preferido, e estamos tornando o jogo ainda mais empolgante. – Sua voz estava cheia de repulsa.

Ele parou por um momento.

– Mas se eu não estivesse perto, ele a teria matado imediatamente – disse ele com uma frustração desesperançada.

– Eu pensei… que não tinha para os outros… o cheiro que tenho para você – eu disse, hesitante.

– Não tem. Mas isso não quer dizer que ainda não seja uma tentação para todos eles. Se você fosse atraente para o rastreador… ou para qualquer um deles… como é atraente para mim, isso teria significado uma luta lá mesmo.

Eu estremeci.

– Não acho que tenha alternativa, a não ser matá-lo agora – murmurou Edward. – Carlisle não vai gostar.

Pude ouvir os pneus atravessando a ponte, embora não pudesse ver o rio no escuro. Eu sabia que estávamos chegando perto. Tinha que perguntar agora.

– Como se pode matar um vampiro?

Ele olhou para mim com os olhos inescrutáveis e sua voz de repente ficou rude.

– A única maneira de ter certeza é dilacerá-lo, e depois queimar os pedaços.

– E os outros dois vão lutar com ele?

– A mulher vai. Não tenho certeza sobre Laurent. Eles não têm um vínculo muito forte… Ele só está com os dois por conveniência. Ele ficou constrangido por James na campina…

– Mas James e a mulher… vão tentar matar você? – perguntei com a voz rouca.

– Bella, não se atreva a perder tempo preocupando-se comigo. Sua única preocupação é manter-se segura e… por favor, por favor… procure não ser imprudente.

– Ele ainda está seguindo?

– Sim. Mas não vai atacar a casa. Não esta noite.

Ele pegou um caminho imperceptível, com Alice atrás de nós.

Seguimos direto para a casa. As luzes lá dentro eram fortes, mas pouco faziam para aliviar a escuridão da floresta usurpadora. Emmett abriu minha porta antes que a picape tivesse parado; ele me puxou do banco, enfiando-me como uma bola de futebol americano no peito largo, e correu comigo para a porta.

Irrompemos pela grande sala branca, Edward e Alice nos ladeando. Todos estavam ali; eles já estavam de pé ao som de nossa aproximação. Laurent ficou no meio. Pude ouvir rosnados baixos e graves na garganta de Emmett enquanto ele me baixava ao lado de Edward.

– Ele está nos perseguindo – anunciou Edward, olhando malignamente para Laurent.

A expressão de Laurent era infeliz.

– Era o que eu temia.

Alice dançou para o lado de Jasper e cochichou no ouvido dele; seus lábios tremeram com a velocidade de sua fala silenciosa. Eles dispararam escada acima juntos. Rosalie os observou e passou rapidamente para o lado de Emmett. Seus lindos olhos eram intensos e – quando se voltaram de má vontade para meu rosto – furiosos.

– O que ele vai fazer? – perguntou Carlisle a Laurent num tom gelado.

– Eu lamento – respondeu ele. – Quando seu rapaz ali a defendeu, receio que isso o tenha estimulado.

– Pode impedi-lo?

Laurent sacudiu a cabeça.

– Nada detém James depois que ele começa.

– Nós vamos detê-lo – prometeu Emmett. Não havia dúvida de suas intenções.

– Não podem derrotá-lo. Jamais vi nada parecido com ele em meus 100 anos. Ele é absolutamente letal. Foi por isso que me juntei ao bando dele.

O bando dele, pensei, é claro. A exibição de liderança na clareira era apenas isso, uma exibição.

Laurent sacudia a cabeça. Olhou para mim, perplexo, e de novo para Carlisle.

– Tem certeza de que vale a pena?

O rugido enfurecido de Edward encheu a sala; Laurent se encolheu.

Carlisle olhou gravemente para Laurent.

– Temo que tenha de tomar uma decisão.

Laurent entendeu. Ele deliberou por um momento. Seus olhos atingiram cada rosto, e por fim varreram a sala iluminada.

– Fiquei intrigado com o modo de viver que vocês criaram por aqui. Mas não vou me intrometer. Não vejo um inimigo em nenhum de vocês, mas não me colocarei contra James. Acho que seguirei para o norte… Para aquele clã em Denali. – Ele hesitou. – Não subestimem James. Ele tem uma mente brilhante e sentidos incomparáveis. Fica tão à vontade no mundo humano quanto vocês parecem estar, e ele não os enfrentará diretamente… Lamento pelo que foi desencadeado aqui. Eu realmente lamento. – Ele baixou a cabeça, mas eu o vi disparar outro olhar confuso para mim.

– Vá em paz – foi a resposta formal de Carlisle.

Laurent deu outro longo olhar ao redor e correu para a porta.

O silêncio durou menos de um segundo.

– A que distância? – Carlisle olhou para Edward.

Esme já estava se mexendo; sua mão tocou um teclado oculto na parede e, com um rangido, persianas de metal começaram a selar a parede de vidro. Eu ofeguei.

– A uns cinco quilômetros depois do rio; está rondando para se reunir à mulher.

– Qual é o plano?

– Vamos despistá-lo, depois Jasper e Alice a levarão para o sul.

– E depois?

A voz de Edward era mortal.

– Assim que Bella estiver segura, vamos caçá-lo.

– Acho que não há alternativa – concordou Carlisle, a face sombria.

Edward se virou para Rosalie.

– Leve-a para cima e troque as roupas – ordenou Edward. Ela olhou para ele lívida de incredulidade.

– Por que deveria? – sibilou. – O que ela é para mim? A não ser uma ameaça… Um perigo que você decidiu infligir a todos nós.

Eu recuei com o veneno em sua voz.

– Rose… – murmurou Emmett, colocando a mão em seu ombro. Ela a sacudiu.

Mas eu observava Edward cuidadosamente, sabendo de seu gênio, preocupada com sua reação.

Ele me surpreendeu. Desviou os olhos de Rosalie como se ela não tivesse falado, como se ela não existisse.

– Esme? – perguntou ele calmamente.

– É claro – murmurou ela.

Esme estava a meu lado em meia batida do coração, balançando-me facilmente nos braços e disparando escada acima antes que eu pudesse arfar de choque.

– O que estamos fazendo? – perguntei sem fôlego enquanto ela me baixava em um quarto escuro em algum lugar no segundo andar.

– Tentando confundir o cheiro. Não vai funcionar por muito tempo, mas pode ajudá-la a escapar. – Pude ouvir suas roupas caindo no chão.

– Não acho que vá caber… – Eu hesitei, mas suas mãos de repente estavam arrancando minha blusa por minha cabeça. Rapidamente tirei eu mesma os jeans. Ela me passou alguma coisa, parecia uma blusa. Lutei para enfiar os braços pelos buracos certos. Assim que terminei, ela me passou suas calças. Eu as puxei, mas não consegui passar os pés; eram compridas demais. Ela enrolou a bainha algumas vezes para que eu conseguisse vestir. De algum jeito ela já estava com minhas roupas. Ela me puxou de volta para a escada onde Alice esperava, uma bolsa de couro pequena na mão. Cada uma delas pegou um cotovelo meu e me carregaram enquanto voavam escada abaixo.

Parecia que, em nossa ausência, tudo fora preparado no primeiro andar. Edward e Emmett estavam prontos para partir, Emmett com uma mochila que parecia pesada no ombro. Carlisle entregava alguma coisa pequena a Esme. Ele se virou e passou a mesma coisa a Alice – era um minúsculo celular prateado.

– Esme e Rosalie levarão sua picape, Bella – disse-me ele enquanto passava. Eu assenti, olhando timidamente para Rosalie. Ela fitava Carlisle com uma expressão ressentida.

– Alice, Jasper… Peguem a Mercedes. Vão precisar da cor escura no sul.

Eles também assentiram.

– Vamos levar o Jeep.

Fiquei surpresa ao ver que Carlisle pretendia ir com Edward. Percebi de repente, com uma pontada de medo, que eles preparavam uma caçada coletiva.

– Alice – perguntou Carlisle –, eles vão morder a isca?

Todos olharam para Alice enquanto ela fechava os olhos e ficava incrivelmente imóvel.

Por fim, seus olhos se abriram.

– Ele vai perseguir você. A mulher seguirá a picape. É provável que consigamos partir depois disso. – Sua voz era segura.

– Vamos. – Carlisle começou a andar para a cozinha.

Mas Edward logo estava ao meu lado. Ele me pegou em seu aperto de ferro, esmagando-me de encontro a ele. Parecia não ter consciência dos olhares de sua família enquanto puxava meu rosto para si, erguendo meus pés do chão. Pelo menor dos segundos, seus lábios estavam gelados e rígidos nos meus. Depois acabou. Ele me desceu, ainda segurando meu rosto, os olhos gloriosos ardendo nos meus.

Seus olhos ficaram inexpressivos, curiosamente mortos, ao se afastarem de mim.

E eles partiram.

Ficamos ali, os outros se distanciando enquanto as lágrimas desciam silenciosamente por meu rosto.

O momento de silêncio se arrastou, e depois o telefone de Esme vibrou em sua mão. Ele disparou até sua orelha.

– Agora – disse ela. Rosalie saiu pela porta da frente sem olhar na minha direção, mas Esme tocou meu rosto ao passar.

Jasper e Alice esperavam. O celular de Alice parecia estar em sua orelha antes mesmo de tocar.

– Edward disse que a mulher está na trilha de Esme. Vou pegar o carro. – Ela desapareceu nas sombras, como Edward partira.

Jasper e eu nos olhamos. Ele se postou entre mim e a entrada… Sendo cauteloso.

– Sabe que está enganada – disse ele baixinho.

– Como é? – arfei.

– Posso sentir o que está sentindo agora… E você vale tudo isso.

– Não valho – murmurei. – Se alguma coisa acontecer a eles, terá sido em vão.

– Está enganada – repetiu ele, sorrindo gentilmente para mim.

Não ouvi nada, mas então Alice passou pela porta da frente e veio na minha direção de braços estendidos.

– Posso? – perguntou ela.

– É a primeira a pedir permissão – dei um sorriso torto.

Ela me ergueu nos braços magros com a mesma facilidade de Emmett, abrigando-me protetoramente, e voamos porta afora, deixando as luzes acesas para trás.


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