domingo, 13 de fevereiro de 2011

Características Gerais do Conto


Extensão: o Conto é uma narrativa linear e curta, tanto em extensão quanto no tempo em que se passa. As narrativas de longa duração estão aí para confirmar a exceção da regra. E por que curto, é conciso. Não há tempo para se espalhar em grandes detalhes, em sutilezas que destoam de seus tempos, de seu necessário ritmo de leitura. Um conto deve estar contido entre algumas palavras (no caso de micro contos) até um máximo de cinco a seis mil palavras.

Linguagem: é simples e direta, não se utiliza muitas figuras de linguagem ou de expressões com pluralidade de sentidos.

Ação: todas as ações se encaminham diretamente para o desfecho; elas se passam em um só espaço, constituem um só eixo temático e um só conflito.

Personagens: Envolve poucas personagens, e as que existem se movimentam em torno de uma única ação.

Linhas dramáticas: enquanto que num romance pode haver várias linhas de desenvolvimento, como por exemplo, ocorrendo o eixo principal da trama em torno do protagonista, enquanto outras linhas se constroem em torno de personagens secundários e do antagonista, no caso do conto esta linha é única. Não há a possibilidade da dispersão do foco narrativo, dado as características de concisão do conto.

Tempo: o conto não tem muito espaço para idas e vindas no tempo. A utilização de recursos como o flash-back é rara, permanecendo a narrativa quase sempre em uma única linha de encaminhamento temporal.

No conto a trama é linear, objetiva, pois o conto, ao começar, já está quase no fim e é preciso que o leitor "veja" claramente os acontecimentos. Se no romance o espaço/tempo é móvel, no conto a linearidade é a sua forma narrativa por excelência. "A intriga completa consiste na passagem de um equilíbrio a outro. A narrativa ideal, a meu ver, começa por uma situação estável que será perturbada por alguma força, resultando num desequilíbrio. Aí entra em ação outra força, inversa, restabelecendo o equilíbrio; sendo este equilíbrio parecido com o primeiro, mas nunca idêntico." (Gom Jabbar em Hardcore, baseado em Tzvetan Todorov).

Final enigmático: o final deve sempre ser uma surpresa, a resolução de um enigma, ou a inversão de uma situação que deveria seguir em direção oposta, ou que pareceria sem solução.

O suspense deve ser mantido até o último parágrafo, quando, depois de prender o leitor através de toda a sua leitura, o escritor lhe fornece a catarse – a risada, o susto, a surpresa.

Diálogos: são de suma importância; sem eles não há discórdia, conflito, fundamentais ao gênero. A melhor forma de se informar é através dos diálogos; mesmo no conto em que o ingrediente narrativo seja importante. "A função do diálogo é expor." (Henry James, 1843-1916).

Vejamos os tipos de diálogos:

  1. Direto: (discurso direto) as personagens conversam entre si; usam-se os travessões. Além de ser o mais conhecido é, também, predominante no conto.
  2. Indireto: (discurso indireto) quando o escritor resume a fala da personagem em forma narrativa, sem destacá-la. Vamos dizer que a personagem conta como aconteceu o diálogo, quase que o reproduzindo. Essas duas primeiras formas podem ser observadas no conto "A Missa do Galo", Machado de Assis.
  3. Indireto livre (discurso indireto livre) é a fusão entre autor e personagem (primeira e terceira pessoa da narrativa); o narrador narra, mas no meio da narrativa surgem diálogos indiretos da personagem como que complementando o que disse o narrador.

Focos narrativos:

  1. Primeira pessoa: Personagem principal conta sua história; este narrador limita-se ao saber de si próprio, fala de sua própria vivência. Esta é uma narrativa típica do romance epistolar (século XVIII).
  2. Terceira pessoa: O texto é narrado em 3ª pessoa e neste caso podemos ter:

A)Narrador observador: o narrador limita-se a descrever o que está acontecendo, "falando" do exterior, não nos colocando dentro da cabeça da personagem; assim não sabemos suas emoções, idéias, pensamentos. O narrador apenas descreve o que vê, no mais, especula.

B) Narrador onisciente conta a história; o narrador tudo sabe sobre a vida das personagens, sobre seus destinos, idéias, pensamentos. Como se narrasse de dentro da cabeça delas.

Contistas famosos em língua portuguesa

Machado de Assis, Aluízio Azevedo, Clarice Lispector, Lima Barreto, Otto Lara Resende, Julieta Godoy Ladeira, Manoel Lobato, Sérgio Sant’Anna, Moreira Campos, Ricardo Ramos, Edilberto Coutinho, Breno Accioly, Murilo Rubião, Moacyr Scliar, Péricles Prade, Guido Wilmar Sassi, Samuel Rawet, Domingos Pellegrini Jr, José J. Veiga, Luiz Vilela, ,Sergio Faraco, Victor Giudice, Lygia Fagundes Telles, entre outros. Em Portugal destaca-se, entre outros, Eça de Queirós.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Conto

http://www.infoescola.com/redacao/conto/

http://www.escritacriativa.net/criativa/html/caracteristicas.html

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